sábado, 23 de julho de 2011

LIPS MIX & REMIX - A SEDUÇÃO DOS BATONS

Pintar os lábios era um hábito cultivado no Egito mil anos antes de Cleópatra. A Rainha Egípcia Nefertiti, cujo busto está no Museu de Berlim, já coloria os lábios, recorrendo a produtos como a púrpura de Tyr.


Já na Grécia, usava-se "polderos", uma raiz vermelha que era misturada à cera de abelha, como meio de deixar a boca mais úmida e brilhante. Em Pisa, na Itália, no Século XVIII, o "Carmin de Cochinella", que era um pigmento vermelho insolúvel (isso mesmo, insolúvel) em água, mas solúvel em substâncias oleaginosas como a já mencionada cera de abelha, foi descoberta por um monge, o qual (às escondidas da Igreja Católica que recriminava tais atos) o repassou às mulheres, que passaram a fazer uso da substância para deixar seus lábios mais sedutores . By the way people, o poder de sedução sempre foi o mais cobiçado pela humanidade.


Os primeiros batons fixados em uma base metálica dourada e protegidos por uma tampa, surgiram nos salões dos Estados Unidos, em 1915. O batom, tal qual o conhecemos hoje, começou a ser comercializado em 1921, em Paris. Com o nome "Ne M'Oubliez Pas", que significa "Não me Esqueça", o batom Guerlain fez tamanho sucesso, que em pouco tempo seu cartucho ganhou rosca e atravessou fronteiras, passando a ser comercializado em outras partes do mundo.

O batom também já foi um divisor de castas, pois nas festas, servia para diferenciar as senhoras da sociedade das camponesas, que eram mulheres mais modestas.

Os batons pretos e marrons, eram exclusividade das atrizes do cinema mudo, em função da necessidade de criar contraste
nos filmes, os quais eram produzidos em preto e branco.

As pioneiras no emprego dos batons vermelhos foram as prostitutas.
Ao lado, a eterna diva Louise Brooks, que inspirou a criação do perfume Lou-lou, de Cacharrel.


Na época da Segunda Guerra Mundial, alguns fabricantes de batons, apenas recarregavam as embalagens vazias, vez que o metal estava sendo utilizado pela indústria bélica.






A verdadeira popularização do batom, que passou então a ser usado por mulheres de todas as classes sociais, se deu a partir dos meados da década de 1950.



Dentro da evolução desse cosmético, que 99,9% das mulheres têm como indispensável, vale ressaltar que o batom em formato cilíndrico, é um dos muitos legados de mademoiselle Coco Chanel, e o batom em forma de lápis foi apresentado por Mary Quant, fatos que denotam o quanto os laços entre moda e maquiagem foram sendo cada vez mais estreitados.



Desde o seu surgimento, até os dias de hoje, as tendências de cores, bem como de desenhos de lábios obtidos através da forma de aplicação do batom, tem variado conforme os modismos de cada época.



Veja a seguir, um breve resumo de como se desenrolaram e quais foram esses modismos:



ANOS 20: Podendo gozar abertamente do batom, as mulheres pintavam os lábios em forma de coração, e os cantos da boca, em forma delgada.
Os tons que marcavam a tendência eram os escuros, como o vermelho escuro-mate.
A moda era ditada no cinema por Clara Bow e Theda Bara.





ANOS 30: A boca nesse período, passa a ser vestida por tonalidades mais claras, pálidas e translúcidas. Arredondar o lábio inferior, uma forma feminina, mas com "ar artificial", é o must da época.

O lápis para o contorno dos lábios é uma invenção desse período.
Os ícones cinematográficos eram Greta Garbo e Marlene Dietrich.






ANOS 40: O lábio superior era pintado simetricamente, com duas curvas, e tinha um ar elegante.

A tendência principal era a cor de cinabre.

A Diva hollywoodiana da época, era Rita Hayworth, seguida por Debora Kerr.




Negrito



ANOS 50: O glamour e as formas sedutoras dominavam a moda. Os cantos da boca eram pintados longitudinalmente, e o contorno dos lábios, embora suave, era pintado um pouco maior do que os próprios lábios
Marylin Monroe e tom fuchsia, marcaram esse período.







ANOS 60: Nesse período houve uma enorme revolução nas cores dos batons, com o surgimento dos tons de rosa muito claros, e do bege pérola.
A esquálida modelo Twiggy foi figura central da tendência: Pintava os lábios, de forma a ficarem com um ar coquete e cheio.







 ANOS 70: Na segunda metade dos anos 70, as discotecas atingiram seu apogeu, trazendo tons de roxo e preto para os batons, bem como o gloss, que se usava em cima dos lábios pintados, ou diretamente sobre eles. A forma preferida eram os batons com muita espessura, e com os contornos claramente visíveis.
Sonia Braga foi a maior representante da época, ao protagonizar a telenovela "Dancing Days".







ANOS 80: A cartela de cores foi bastante ampliada, usava-se o rosa, o castanho, e o vermelho amora (um pouco azulado).
Na altura em que a expressão " career woman" começou a fixar-se, o vermelho tornou-se moda por sua forte impressão, ao mesmo tempo em que os batons em tons de pérola eram muito elogiados.






ANOS 90: Diversidade é a palavra para se descrever essa década, e ninguém melhor para representá-la do que a camaleônica diva Madonna.
O ciclos tornaram-se mais curtos, dando vez alternadamente aos batons vermelho escuros, e às cores de fundo bege e cor-de-boca para dar um acabamento natural.

Já no século XXI, existe uma diversificadíssima e ampla gama de maquiagens para os lábios, com diferentes formas de aplicação. E, em algumas épocas, o batom em gloss teve um impacto tão forte, que chegou a conseguir a façanha de empurrar o batom clássico para o segundo lugar do pódio, sendo que algumas mulheres, chegaram mesmo a deixar de utilizá-lo.
Todavia, nas coleções para o Outono-Inverno 2011, os batons cor de vinho, os vermelhos e os tons nude, são o must have da estação, tanto em textura mate e opaca, quanto com muito brilho, em especial os metalizados, focando os holofotes nas nuances mescladas com o dourado. É a inspiração trazida nos desfiles de estilistas como Yves Saint Laurent, ancorada em divas do cinema como Louise Books, Veronica Lake e Rita Hayworth, numa nova interpretação do gótico-chic, verdadeira explosão de força, sensualidade e poder, sem regras rígidas que nos impeçam de pintar nossos lábios como bem desejarmos.

Sem dúvida alguma, no que diz respeito aos batons, essa será a estação da irreverência, pois o diamante pode até ser o melhor amigo de uma mulher,
mas com certeza, independentemente da cor, feitio ou textura, o batom sempre será seu grande e verdadeiro ícone de sedução!


Abreijões coloridos da
Kika Krepski®.

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