segunda-feira, 25 de julho de 2011

QUEREMOS PERFUMES!!!




Gente, para quem desde sempre viveu uma paixão incondicional por perfumes, é muito triste essa questão dos “novos perfumes” ou “nova geração de perfumes”...


Sim, sou uma aficcionada por perfumes desde muito jovem, década de 70, quando perfumes importados eram praticamente um “luxo social” (contrabando em tempos de militarismo, quer mais?), e no Brasil os que nos chegavam eram Caléche, Cabouchard, e, um pouco depois o Calandre, os quais eram quase um símbolo de poder para as mulheres, e só entravam no país através de contrabandos suspeitos, (se os contrabandos eram suspeitos, imaginem os produtos contrabandeados...) em frascos que hoje são brindes que recebemos nas boas perfumarias, só que rotulados de “miniaturas”, contendo 5, 7, 10, e no máximo 15 ml do produto, eram vendidos a preços bastante elitistas.

E ter um Chanel nº. 5 então?

Afinal, esse perfume era o que Marilyn Monroe “vestia para dormir”, segundo suas próprias palavras!



Até concordo que eram aldeídicos demais, atalcados demais, e/ou amadeirados demais; mas eram “demais” porque sem qualquer sombra de dúvida, também fixavam bem demais!!! Bons tempos aqueles dos fixadores a base de âmbar, e não sintéticos...

Se fugíssemos desses, ainda nos restavam alguns como o “White Magnólia”, da conceituadíssima marca Helena Rubstein, que dispunha até de versão em gel; o Charlie da Revlon, e o Laughter da Yardley; verdadeiros queridinhos das mulheres que despontavam, no então “chauviníssimo” mercado de trabalho! Nossa, e o Extrato de Almíscar Selvagem, e seu “irmão” Patchouly? Dois óleos perfumadíssimos da Coty, que vinham em minúsculos frascos de vidro escuro. O primeiro era comentado como sendo afrodisíaco por ser feito a partir do sêmem do bode montês (hoje sabemos o que é um feromônio), e o segundo, diziam ser “feito de maconha”. Mas esses óleos não abandonavam nossas vidas por nada, fixavam tão bem, que as roupas permaneciam perfumadas mesmo depois de lavadas. Certa vez, eu e mais duas amigas adolescentes, estávamos em meu quarto, e quando abri uma gaveta com blusas, ambas começaram a discutir se aquele era o “meu cheiro”, ou o cheiro da outra; mas na verdade era o cheiro de ambas, pois nós duas usávamos “Extrato de Almíscar Selvagem”!



Apertando a tecla “Fast Forward”, avançamos no tempo e chegamos à segunda metade da década de 80, quando começamos a ter acesso a uma gama mais variada de perfumes importados, que vinham ampliando o caminho aberto, pelo até hoje muito usado Opium, de Yves Saint Laurent, para fragrâncias florais e orientais, sensuais e marcantemente adocicadas, tais como Anäis Anäis e Lou lou de Cacharel (Lou Lou foi criado em homenagem a atriz Louise Brooks, uma autêntica diva do cinema da década de 20), e Poison de Dior, logo seguidos por Giorgio Beverly Hills, e Carolina Herrera EDP.


Essas fragrâncias, geralmente na versão EDP, nos faziam correr o risco de pecar pelo excesso... (e sempre pecávamos... na maioria das vezes intencionalmente)pois eram intensas, profundamente marcantes, glamourosas, quentes e sensuais! Bom demais! Deixavam uma aura ao redor de quem as usasse, a qual, invariavelmente, se tornava uma marca pessoal.
E essas fragrâncias, verdadeiros “néctares olfativos”, foram sendo seguidas por outras da mesma linha perfumística, como Dolce & Gabbana, Samsara, Aromatics Elixir, Byzance, Moschino EDP, Obsession, e outros tantos que foram deixando os secos “Fidji” num mar de esquecimento (belo trocadilho, ãh?).
Meados dos anos 90: Calvin Klein vinha marcando presença entre os preferidos com Obsession e Eternity, ambos EDP, quando lança seu frutal e deliciosamente marcante Escape, também EDP, que traz no vácuo de sua chegada, outras fragrâncias frutais almiscaradas, como L’Eau D’Issey, de Issey Miyake, com notas olfativas deliciosamente doces de melões maduros... ..Melões maduros, melancia, país tropical, clima quente, muita melanina na pele do povo sempre na praia e.... E sob tais escusas, acusaram nossos marcantes e docemente sensuais perfumes de enjoativos e inadequados para o nosso clima.
(clique na foto acima para ampliá-la)

Vejam só, era tão marcante e fixava tão bem, que marcou época e continua fixado na lembrança... ...É, todos eles deixavam rastros, marcavam presença...



E foi então que começamos a receber a tal da “nova geração” de perfumes: as famosas “Eau Fraîche, Tendré...” da vida, que não passam de “aguinhas de limão” para os verdadeiros apaixonados, estudiosos e colecionadores de perfumes!


Recentemente, saí em busca de uma fragrância que fosse novidade no mercado, e bastante marcante, mas que não fosse o Dior Addict EDP (que já tem mais de uma versão águinha de tangerina), e, pasmem, um mês depois, “trocentos” lançamentos experimentados (NA PELE SEMPRE, nada de conhecer perfume em fitas olfativas, ok?), e mais de uma dezena de aquisições, somente se aproximaram dos efeitos dos bons e marcantes perfumes adocicados de outrora: Fuel For Life EDP da Diesel, amei o Armani Code Elixir de Parfum, mas que não podemos contar, pois a versão elixir é edição limitada no Brasil, segundo informações que obtive nas perfumarias, e Ange ou Demon de Givenchy, mas a EDP, claro, porque além da versão mais leve EDT, já foi lançado também em versão tendré. Quer dizer, o perfume já é lançado em versão “água de alguma coisa”, como se deixar um rastro de seu perfume por onde passar, fosse um crime com pena prevista em lei.
Sem contar que essas escolhas versaram sobe prefumes que já estão há aproximadamente meia década no mercado, o que deixa claro que realmente as fragrâncias estão sendo mais diluídas e menos concentradas a cada dia que passa. Uma pena.

Tudo bem, concordo que os anos 80, e a primeira metade dos anos 90 ficaram conhecidos como “os anos dos exageros”, mas não precisavam ter radicalizado tanto na suavização dos perfumes. Acho ainda que é importante que existam versões mais leves das fragrâncias, para aquelas pessoas que têm medo de ousar, ou que têm uma certa intolerância a aromas muito intensos, bem como as versões sem álcool para os alérgicos. Um exemplo clássico é o da gestante, que tem seu olfato muito mais apurado e sensível durante o período de gravidez. Entretanto, se o respeito pelos adeptos de “cheirinhos”, lhes permite ter o direito de escolha, por que nós, consumidores vorazes, compulsivos, verdadeiros dependentes químicos de bons aromas (perfumólatras?), não estamos tendo nossas preferências também respeitadas?
Por que não são lançados mais elixires e “parfums”? Ou ainda, por que não mais importam esses perfumes para nosso consumo? Aqui entre nós, país tropical em tempos de rombo na camada de ozônio, tsunâmis, e aquecimento global, clima quente de país tropical é quase que universal, não é não? Então, em meu nome, e em nome de todos os apreciadores das fragrâncias intensas e marcantes, peço que revejam a questão dos perfumes, pois, para nós, “aguinha de limão” só vai bem em caipirinha, e, “aguinha de flores” em banho de descarrego!


Abreijões perfumados da

Kika Krepski®.

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